domingo, 14 de agosto de 2011

Vaetchanan - Energia Semanal de 07/08 a 13/08


Esta semana lemos a Porção Semanal de Vaetchanan (Deuteronômio 3:23-7:11).

No trecho desta semana Moisés continua o seu discurso ao povo. Dentre os vários novos conselhos e mandamentos que Moisés estabelece ao povo, no meio de todas suas palavras, uma hora ele diz: “E farás o que é bom e justo” (Deuteronômio 6:18).

Ora, os mandamentos que ele deu até agora não eram, então, bons e justos? Toda estrutura de leis ainda era insuficiente para atingir o que era bom e justo?

Os cabalistas respondem com um ecoante “sim”.

Eles explicam que este mandamento é uma lei acima da própria lei! Fazer o bom e o justo significa saber aplicar a conciliação e a flexibilidade na adoção de medidas.

É verdade que a lei é a base e o fundamento de uma sociedade. Sem ela, viveríamos num mundo de selva, onde o homem devoraria o seu semelhante e o mais fraco só perderia. A sociedade, nestas condições, seria dizimada rapidamente.

Mas, a alma da lei, a lei por cima da lei, é a conciliação e a flexibilidade no julgamento e aplicação desta mesma lei. Fazer o bom e o justo é ter a coragem de, se preciso, violar e transgredir a lei, para fazer algo que transcende os objetivos básicos da própria lei.

Para esclarecer este ponto, vou contar uma história do Talmud:

“Os carregadores do Raba, filho do Bar Chana, quebraram-lhe um barril de vinho durante o transporte. O Raba tomou-lhes os casacos para garantir que eles pagariam o prejuízo que causaram. Os carregadores foram reclamar perante uma das autoridades rabínicas e o Raba, filho do Bar Chana, foi intimado. O juiz disse: “Devolva-lhes as roupas!” O Raba perguntou: “Esta é a lei?” “Sim” – respondeu o juiz – “pois Moisés disse: ‘e farás o que é bom’”. O Raba devolveu os casacos. Os carregadores continuaram a reclamar e disseram: “Somos pobres e trabalhamos o dia todo. Estamos famintos e não temos dinheiro algum conosco”. O juiz ordenou: “Pague-lhes os seus salários”. O Raba perguntou: “Esta é a lei?” O juiz respondeu: “Sim, pois Moisés disse: ‘e farás o justo’”.

Estritamente de acordo com a lei, os carregadores deveriam pagar o valor do barril ao Raba, pois eles o deixaram cair e causaram um prejuízo ao seu dono. Mas o juiz (e o Raba) entenderam que isso não seria o bom e justo, apenas se estaria cumprindo a letra da lei. Moisés pede que, acima da lei, se aprenda a fazer o que é bom e justo, transcendendo a própria lei. Por isso o Raba devolveu os casacos e pagou os salários sem questionar. Isto sim representava a bondade e a justiça.

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