terça-feira, 2 de agosto de 2011

Behaalotecha - Energia Semanal de 05/06 a 11/06

No texto desta semana (Números 8:1-12:16) vemos uma mensagem que, basicamente, trata de rebeliões e de conflitos.
Logo no começo da porção semanal lemos que o povo judeu está no deserto e começa a reclamar com Moisés sobre a condição de vida que tinham que aturar. Moisés se rebela com D’us quando Ele pergunta por que o povo estava se rebelando. E, por fim, Aarão e Miriam (irmãos de Moisés) também se rebelam com seu irmão, querendo dividir a liderança do grupo.
Qual é o traço de caráter humano que faz uma pessoa se rebelar? Na história que vemos, a rebelião do povo, em especial, parece muito injusta. O povo era escravo no Egito, levava uma vida miserável e sofrida. Moisés vem, os liberta e promete levá-los a uma terra muito melhor de onde “emana leite e mel”. Mesmo assim, na liberdade e no meio do caminho para esta terra, o povo reclama. Eles chegam a falar que a vida no Egito era melhor!
Se olharmos o que levam as pessoas a se rebelar no mundo hoje, será difícil encontrar um denominador comum. Na América Latinas as rebeliões podem ser de cunho político e em favor da liberdade de direitos. No mundo árabe, pelo contrário, as rebeliões podem se dar por um sentimento generalizado de falta de liberdade de expressão, ou uma situação econômica desfavorável. Já na Europa, vemos rebeliões motivadas por que está se dando direito demais a todo mundo, inclusive estrangeiros. A rebelião se dá pois os políticos são muito fortes, as leis muito liberais, etc.
Então, como explicar este sentimento humano?
Os cabalistas ensinam que o único fator que leva a uma rebelião, e que é o ponto comum em todos os casos mencionados, é a infelicidade. No entanto, o que traz infelicidade para uma pessoa não é a mesma coisa que traz infelicidade para outra.
Se isso é verdade, como podemos saber o que traz felicidade, para assim sabermos o que nos deixa infelizes e podermos fazer nossa rebelião? Será que devemos nos rebelar contra a falta de direitos políticos ou contra o excesso deles? Devemos nos rebelar contra o liberalismo econômico ou contra o protecionismo? Devemos nos rebelar contra a falta de liberdade de expressão ou a liberdade de expressão excessiva? Em última instância, devemos nos rebelar por sermos escravos no Egitou ou por que um tal Moisés nos libertou e nos trouxe ao deserto?
Fica evidente que sem um parâmetro em que confiar, jamais saberemos o que nos alegra e o que nos desanima; o que nos deixa feliz e o que nos faz infeliz. Sem este parâmetro, não conseguimos dizer o que é bom e desejável, muito menos o que é ruim e indesejável e que, portanto, deve ser combatido.
Esta era a situação do povo de Israel no deserto. Eles não tinham parâmetros de comparação. Eles tinham sido escravos por gerações e agora eram homens livres. Mas, havia um problema! Eles não sabiam o que fazer com esta liberdade. Eles não tinham um parâmetro com que comparar esta liberdade. Ou melhor, tinham, mas o seu parâmetro era o de escravidão.
É mais ou menos isso que acontece com a maior parte dos adolescentes, que passam da infância para a vida adulta e, neste meio tempo, não sabem que parâmetros seguir. Sigo os parâmetros infantis ou o da vida adulta? A indecisão e a incerteza do que escolher criam o espírito de rebelião.
E de onde podem vir estes parâmetros que nos ajudam na vida? Da política, da religião, dos nossos pais? Obviamente todos estes fatores, e muitos outros, influenciam nos parâmetros que temos na vida. São estes modelos que nos vão dizer se vamos nos rebelar ou não por alguma coisa. No entanto, o parâmetro realmente valioso é aquele que é fruto de reflexão interna e de um processo de auto-conhecimento.
A pessoa que estuda a si mesmo (e que, portanto, conhece como é o ser humano) invariavelmente chega a um padrão de parâmetros morais e éticos muito elevados. Esta pessoa começa a se rebelar, por exemplo, contra atitudes de preconceito, racismo, desigualdade e injustiça. Caso isso não aconteça, a pessoa não está num caminho de auto-conhecimento correto. Quando temos nossos parâmetros de mundo deturpados, isso mostra que nossa base de escolhas é falha e aí ficamos como o povo de Israel no deserto. Somos livres, mas ficamos nos rebelando com nosso líder, pois no Egito, onde éramos escravos, era melhor.

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