terça-feira, 2 de agosto de 2011

Nassô - Energia Semanal de 29/05 a 04/06

Nesta semana lemos a porção de Nassô (Números 4:21-7:89) que, entre outros assuntos, descreve as oferendas trazidas pelos líderes das tribos do povo judeu. A partir do primeiro dia do mês de Nissan, quando finalmente o Tabernáculo foi inaugurado, cada um dos líderes das 12 tribos trouxe uma oferenda pessoal em comemoração ao grandioso evento. Cada dia um dos líderes trazia suas oferendas, que incluíam utensílios de ouro e prata, animais, incenso e farinha. Porém, algo nos chama a atenção nas oferendas: apesar de serem oferendas pessoais e não-obrigatórias, todos os líderes trouxeram exatamente a mesma oferenda. Por quê?
Os cabalistas afirmam que na Torá nenhuma palavra está escrita sem motivo. Então por que nesta semana a Torá se alonga tanto, repetindo as oferendas dos líderes por doze vezes seguidas, ao invés de escrever apenas as oferendas do primeiro líder e depois “e assim também trouxeram os outros líderes”?
O cabalista Chafets Chaim explica que nossa meta neste mundo é chegarmos a ser completos, e a única maneira é nos comportando como D’us. Quando lemos algo na Torá, observamos como D’us se comporta conosco e aprendemos como nos comportar com as pessoas.
Então o que aprender desta repetição aparentemente desnecessária?
A repetição das oferendas nos ensina o cuidado que devemos ter com a honra dos outros. Quando os líderes decidiram fazer doações, eles se reuniram e decidiram entre si que todos trariam exatamente a mesma oferenda, evitando que surgisse a inveja e a competição dentro do povo judeu, sendo muito louvados por isso.
Apesar de todas as oferendas serem iguais, se D’us tivesse escrito as oferendas apenas para o primeiro líder, como se sentiriam os outros? Certamente que, em algum nível, eles ficariam desapontados e tristes. Por isso a Torá fez questão de repetir cada uma das oferendas, para que nenhum dos líderes se sentisse menosprezado. D’us “gastou” muitos versículos em respeito à honra de cada líder. E se a sagrada Torá “gasta” versículos para não diminuir a honra de uma pessoa, quanto mais nós temos a obrigação de nos cuidarmos para nunca desprezar ninguém.
Uma historinha conta que o Rav Isser Zalman Meltzer era muito conhecido pelo seu extremo cuidado com os sentimentos dos outros. Fazia de tudo para nunca magoar outra pessoa. Sua sensibilidade era tanta que ele vivia os problemas dos outros como se fossem seus próprios problemas. Era frequentemente visto chorando por causa de problemas que pessoas que ele nem mesmo conhecia vinham lhe contar.
Certo dia o Rav Aharon Kotler, que era seu genro, e seu neto foram visitá-lo. Eles queriam se despedir do Rav Isser Zalman, pois estavam indo para Israel, onde participariam de um casamento. Após uma longa e agradável conversa, o Rav Aharon Kotler e seu filho se levantaram para sair e foram acompanhados pelo Rav Isser Zalman. O Rav Aharon Kotler achou que o Rav Isser Zalman os acompanharia até a rua, onde daria um abraço em seu neto. Mas isso não aconteceu, o Rav Isser Zalman não acompanhou os dois até a rua. Ele parou no meio das escadas, acenou com as mãos e desejou uma boa viagem.
Quando eles voltaram de viagem, o Rav Aharon Kotler questionou o comportamento do seu sogro. Ele era sempre tão carinhoso com seu neto, estava sendo lhe dando muitos abraços, por que na véspera da viagem ele havia se despedido apenas com um aceno de mão? O Rav Isser Zalman então explicou:
- Você sabe que minha vontade era dar um grande abraço no meu querido neto. Mas eu me lembrei que neste bairro moram muitas pessoas cujos netos foram assassinados pelos nazistas. Como eu poderia ir para a rua demonstrar publicamente a alegria de abraçar meu querido neto sabendo que há outras pessoas não podem fazer o mesmo?”
Este é o nível de sensibilidade a que os nossos grandes líderes chegaram. Eles sentiam as dores dos outros. Eles se preocupavam com a honra de cada pessoa como se fosse a sua própria honra. Este é o nível que nós também podemos e devemos chegar.

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