terça-feira, 2 de agosto de 2011

Matot - Energia Semanal de 17/07 a 23/07

Esta semana, temos lições a aprender do texto da Porção Semanal de Matót (Números 30:2-32:42).
O fato que mais me chama atenção neste trecho é uma cisão que aparece entre as tribos de Israel. Os judeus estão na margem do rio Jordão, muito próximo de entrarem na Terra de Israel, a Terra Prometida. Já vimos em textos anteriores que, do ponto de vista da Cabalá, a Terra de Israel representa o objetivo final da evolução humana. Metaforicamente falando, é como se todos nós tivéssemos um caminho do Êxodo a seguir. Nascemos no Egito, escravos, devemos nos libertar, andar pelo deserto, com todas as incertezas inerentes a este lugar para, depois, eventualmente, entrarmos na Terra de Israel.
Mas, no trecho desta semana, vemos duas tribos (a de Rúben e de Gad) que preferem não entrar na Terra de Israel. E o que pode ser mais interessante, do ponto de vista dessas duas tribos, do que a elevação espiritual representada pela Terra Prometida? O que fez com que eles preferissem não passar o Jordão?
A resposta está em Números 32:1-4 e se resume em uma palavra “gado”. A Torá nos conta que estas duas tribos tinham muito gado e que a terra fora de Israel, às margens do Jordão, era um local propício para a criação deste animal. O que Rúben e Gad pedem a Moisés, na verdade, é trocar a terra espiritual de Israel pela terra produtiva e rica de fora de Israel. Em termos modernos, foi o amor ao dinheiro que fez com que estas duas tribos quisessem abrir mão de sua espiritualidade. O desejo destas duas tribos não era sair do Egito para chegar a Israel, sair da escravidão para se verem livres espiritualmente. O que eles queriam era serem “bem sucedidos”, no entendimento que a sociedade dá a essa expressão.
Vemos que eles estavam a tal ponto ligados a este objetivo (de acúmulo de riquezas), que em Números 32:16 eles dizem a Moisés: “Currais edificaremos para o nosso gado aqui, e cidades para nossas crianças”. Ao ouvir isso, Moisés diz (Números 32:34): “Edificai cidades para vós e para vossas crianças, e currais para vosso gado”.
Em sua ganância, Rúben e Gad chegam a colocar a construção de currais para o gado antes da construção de cidades para os filhos! Moisés, sabiamente, aconselha que eles não invertam a ordem das coisas e, primeiro, construam o essencial, as cidades, para depois o secundário, os currais para o gado.
Esta é a força do apego à riqueza: transformar o principal em secundário e o secundário em principal.
Com isso, não devemos entender que é preciso levar uma vida pobre, miserável ou “humilde” (como alguns pregam) para ter uma vida espiritual rica. No entanto, certamente não podemos deixar que nossa visão se deturpe e que passemos a considerar mais importante uma ovelha ou vaca do que uma criança. Não podemos ficar cegos a ponto de colocarmos como objetivo de nossa vida o acúmulo de riquezas em vez do crescimento e da evolução pessoal.
Não podemos nos tornar descendentes de Rúben e Gad, fazendo do principal o secundário e do secundário o principal, apreciando as riquezas mais do que as almas vivas.

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