terça-feira, 2 de agosto de 2011

Balak - Energia Semanal de 03/07 a 09/07

Nesta semana, a Porção Semanal de Balak (Números 22:2-25:9) nos dá dicas preciosas para nossa vida. O texto nos apresenta uma das personagens mais interessantes, na minha opinião, de todo o Pentateuco: Bilám (Balaão).
Logo de cara ficamos sabendo que Bilám tinha um enorme poder espiritual. Ele era um profeta poderoso. Conseguia falar com anjos e se comunicar diretamente com D’us. Mas, com o decorrer da história, logo vemos como Bilám começa a sofrer em sua vida por causa de sua ganância e de seus desejos mais materiais.
A história nos conta que o Rei Balak vem procurar Bilám por causa de seus dons espirituais. O Rei estava incomodado com a aproximação do povo judeu ao seu território, temendo uma guerra e temendo perdê-la. Balak também era um homem sábio, e entendia que os judeus tinham tanto sucesso em suas guerras por causa da ajuda de D’us. Então, o Rei Balak queria, na verdade, “contratar” Bilám (pagando uma fortuna, em ouro) para que ele “amaldiçoasse” o povo de Israel e os fizesse perder a guerra.
Apesar de sua ganância, Bilám deixa bem claro que só “a palavra que Deus puser na minha boca, essa falarei.” Bilám, em sua sabedoria, está mostrando que não pode “amaldiçoar” o que é naturalmente “abençoado”. Por mais poderosos que sejamos como seres humanos, existe um limite do nosso poder de ação. Este limite é definido pelos desejos e vontade de D’us.
A Cabalá nos ensina, então, que existem dois tipos de “não consigo” no mundo. Imagine que uma pessoa oferece dinheiro a outra para que mate alguém. Provavelmente, a pessoa dirá: “não consigo”. Agora imagine que esta mesma pessoa ofereça dinheiro para que a outra pule do décimo andar e voe. A reposta também seria “não consigo”.
Apesar de a reposta ser idêntica, o conteúdo de cada “não consigo” é muito distinto. No primeiro caso, o “não consigo” reflete uma incapacidade “subjetiva”, baseada em valores morais, éticos, cultura, etc. No segundo caso, o “não consigo” proferido pela pessoa é objetivo. Não se trata de valores ou ideias internas. No primeiro caso, podemos entender que, dependendo da pessoa, e do valor oferecido, o “não consigo” se tornaria um “consigo”. Já no segundo caso, seja pelo dinheiro que for, e seja a pessoa que for, ela jamais poderá voar.
Estas duas formas de dizer “não consigo” nos ajudam a entender a posição de Bilám frente ao Rei Balak. Ao dizer que talvez não conseguisse amaldiçoar o povo judeu, Bilám estava realmente falando como no segundo caso, de uma impossibilidade objetiva, pois não podia violar leis espirituais que eram maiores do que ele. Mas, o Rei Balak, conhecendo a ganância e o desejo de Bilám, oferece-lhe dinheiro, tentando, deste modo, transformar o “não consigo” objetivo de Bilám em um “não consigo” subjetivo, um “não consigo” por causa do valor que você me oferece.
Esta lição é extremamente importante para cada um de nós. Muitas vezes, deixamos nos passar por Balak e Bilám e queremos confundir os domínios do “não consigo”. Às vezes surge em nós um desejo extremamente positivo e saudável, como “eu quero ser uma pessoa melhor”, mas, ao pensarmos sobre o assunto, acabamos por concluir: “no entanto, eu não consigo”. E logo em seguida deixamos de agir, perdemos a chance de melhorar. Qual dos dois “não consigos” é este? Será que existe realmente um impedimento objetivo para isso, ou estamos nos baseando apenas nos nossos valores e ideias?
Isso nos ensina que a maioria de nossas limitações – de nossos “não consigo” – são impostos a nós por nos mesmos. Em poucos casos o nosso não consigo é realmente espiritual e saudável, baseado numa sabedoria do mundo espiritual e das leis do mundo. Na grande maioria das vezes, o nosso “não consigo” só existe porque nos falta a motivação necessária (simbolizado pelo ouro que Balák deu a Bilám) para agir. É assim que surge, por exemplo, a depressão, já chamada de o mal do nosso século. A pessoa passa a colocar um monte de “não consigos” em sua vida e carece da motivação necessária para sair da cama e fazer valer a sua vontade.
Para encerrar a energia desta semana, contarei uma historinha ligada ao nosso tema:
Harry Houdini, um dos maiores mágicos de todos os tempos, tinha uma habilidade especial: ele conseguia escapar de qualquer cela trancada em, no máximo, 60 minutos. As suas condições era de que o deixassem entrar na cela com suas roupas normais e que ninguém ficasse observando seu trabalho de escapar.
Os moradores de uma pequena cidade britânica decidiram então desafiar o grande Houdini. Eles anunciaram que tinham acabado de desenvolver uma cela à prova de fuga e convidaram Houdini para testá-la. O desafio foi imediatamente aceito. No dia marcado, deixaram-no entrar na cela com suas roupas normais. Uma pessoa fechou a porta da cela, girou a chave de uma maneira estranha e todos se afastaram para deixar Houdini trabalhar sozinho.
O segredo de Houdini é que ele escondia uma barra de aço longa e flexível no seu cinto e utilizava-a para abrir as trancas das celas de onde escapava. Assim que as pessoas se afastaram, ele retirou a barra e trabalhou por 30 minutos, com seu ouvido muito próximo da tranca, mas nada acontecia. 45 minutos se passaram, ele transpirava muito mas não conseguia abrir a tranca. Parecia realmente à prova de fuga, era impossível abrir aquela cela! Depois de duas horas trabalhando incessantemente, ele caiu, exausto, apoiado na porta da cela. Para sua surpresa, a porta se abriu. Eles não haviam trancado a porta! Este era o truque para enganar o mais famoso artista das grandes fugas!
Houdini aprendeu naquele dia uma das lições mais importantes de sua vida: ele podia escapar de qualquer cela e abrir qualquer porta. A única porta que ele não conseguia abrir era a que estava trancada na sua mente.

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