terça-feira, 2 de agosto de 2011

Chucát - Energia Semanal de 26/06 a 02/07

Nesta semana, a energia ligada a nós vem da Porção Semanal de Chucát (Números 19:1 -22:1).
O texto mencionado traz muitas informações e muitas coisas acontecem ao mesmo tempo. Mas, dentre todos os pontos, gostaria de destacar um dos mandamentos mais estranhos que o povo judeu recebe no deserto: aquele relacionado com a vaca vermelha.
Quando uma pessoa tocava o corpo de um morto, ela se tornava espiritualmente impura. Para se purificar, havia um ritual. Uma vaca completamente vermelha (um animal raro que, ao consta, só apareceu nove vezes na face da Terra) deveria ser sacrificada e queimada. As suas cinzas deveriam ser misturadas com água e outros ingredientes, e tudo isso devia ser aspergido sobre a pessoa impura.
A Cabalá nos ensina que vivemos num mundo de dualidade. Alguns mandamentos que D’us dá ao povo judeu são lógicos e racionais. São facilmente compreensíveis e, dificilmente, precisam ser questionados. Exemplos deste tipo de mandamento são: honrar os pais, não matar, não roubar, etc. No entanto, existem mandamentos que, segundo a nossa lógica, são irracionais e parecem não conter motivo nenhum. Este mandamento, da purificação com a vaca vermelha, é um deles.
O importante é notar que a falta de lógica e razão neste mandamento é aparente, segue apenas a nossa lógica, mundana. Na verdade, a Cabalá diz que D’us contou o propósito desta ordem a Moisés, mas preferiu deixar a explicação oculta do resto do povo.
Estes dois tipos de mandamentos representam dois tipos de forças e leis que agem no nosso mundo. Por um lado, temos as leis “físicas”, que são compreensíveis e estudadas pelos seres humanos: a gravidade, a eletricidade, o magnetismo, etc. Mas, por outro lado, temos leis espirituais que, na maioria das vezes, são irracionais e incompreensíveis para nós: o fato de um cadáver transmitir impureza, da carne de porco ser considerada impura, etc.
A pergunta que se coloca, então, é: Por que D’us criou algumas leis que nos são facilmente compreensíveis e outras que aparentemente não possuem explicação?
Diz a Cabalá que isso é feito “de propósito”, por assim dizer. É por vivermos num mundo deste tipo, com esta dualidade, que podemos aprender a ter respeito e admiração por algo que é, claramente, superior a nós. Se o ser humano, usando o seu intelecto, entendesse absolutamente tudo o que lhe rodeia, tudo o que lhe cerca, e todas as leis da vida, o que aconteceria? Você pode imaginar que tipo de vida este ser humano viveria?
Em primeiro lugar, grande parte de seu livre-arbítrio iria embora, pois sabendo de todas as leis, como ele poderia se permitir errar? Caso o ser humano vivesse nesse estado de onisciência, ele seria uma figura mais divina, é verdade, mas, portanto, viveria uma vida mais “impiedosa”, onde erros e transgressões não seriam permitidos. Por acaso um “deus” pode errar?
Ao ocultar dos seres humanos algumas leis de funcionamento do mundo, D’us permitiu espaço para que os seres humanos errem, transgridam e, com isso, não sejam punidos, mas, pelo contrário, purificados, como acontecia com as cinzas da vaca vermelha! O erro é parte integral do nosso processo de evolução.
O fato de vivermos num mundo que não se descortina totalmente perante nossos olhos é um extremo ato de Bondade e de Amor por parte de D’us. Se vivêssemos num “mundo da verdade’’, onde tudo é sabido e a verdade é explícita, nós sucumbiríamos. Propositalmente, o nosso mundo foi feito com um lado revelado e um lado oculto, um lado explícíto e outro implícito, um lado racional e outro não. É só tendo o poder de escolha (pelo menos dois elementos) que o ser humano consegue viver num estado de livre-arbítrio. Se o mundo fosse “monótono” (literalmente, “com um só tom”), que tipo de escolha o ser humano poderia fazer?
Agora, mesmo que exista essa “separação” no nosso mundo, a Cabalá ensina que isso não é um impeditivo para que questionemos a criação e as coisas de nossa vida. Não é por que algo não tem lógica que eu devo aceitá-la passivamente. A Cabalá incentiva, e muito, os questionamentos, a procura por entendimento e a busca por respostas. É por isso mesmo que Moisés pede a D’us: “E agora, rogo, se achei graça aos Teus olhos, faze-me, rogo, conhecer Teus caminhos” (Êxodo 33:13).
Perceba que a questão de “conhecer os caminhos de D’us” é associada ao fato de “achar graça aos olhos Dele”. Infelizmente, vivemos numa geração fast-food e queremos todas as respostas de imediato, todas as informações para ontem, toda a “verdade” na nossa cara. Cada vez mais gente procura descobrir mistérios profundos de D’us sem nunca ter aberto um livro de espiritualidade ou sobre valores humanos. A Cabalá nos ensina que não é assim que funciona. Se queremos estudar engenharia, precisamos ler um livro sobre o assunto. Para entender o corpo humano, precisamos estudar medicina. Se queremos entender D’us e o mundo que nos está oculto, precisamos estudar a espiritualidade. Este conhecimento, por sua vez, só nos será revelado quando (1) questionamos as coisas da maneira certa (sabendo que existem coisas racionais e coisas não-racionais) e (2) quando somos “graciosos” do ponto de vista espiritual (quando nos esforçamos verdadeiramente para obter respostas, não procurando soluções prontas).

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