terça-feira, 2 de agosto de 2011

Shlach Lecha - Energia Semanal de 12/06 a 18/06

No texto desta semana, (Shlach Lechá: Números 13:1-15:41) lemos o desastroso episódio dos doze espiões enviados por Moisés para verificar como era a Terra de Israel. Por conta do que eles relatam a Moisés e ao povo, o povo judeu se recusa a entrar na Terra de Israel. Isso ira a D’us e Ele decreta que os judeus, então, andarão por mais 38 anos no deserto.
Imediatamente, surgem algumas perguntas: Se D’us queria que os judeus entrassem na Terra de Israel, por que Ele não os levou para lá? Durante toda a caminhada no deserto, D’us indicava o que os judeus deveriam fazer e para onde ir, através de uma nuvem. Por que D’us não usou a nuvem para conduzir o povo para dentro da Terra?
Em segundo lugar, mesmo que os judeus não tenham desejado entrar na Terra, vagar por mais 38 anos no deserto não é um excesso de D’us?! Era preciso tanto tempo assim?
E, por fim, e talvez mais importante, se D’us sabia que os espiões enviados por Moisés voltariam trazendo más notícias que desanimariam o povo, Ele não podia pedir para que Moisés NÃO mandasse estes homens?
A Cabalá ensina que a entrada na Terra de Israel representa o momento de elevação espiritual na vida da pessoa.
Toda pessoa que deseja se elevar espiritualmente segue por um caminho metaforizado pelo Êxodo dos judeus no Egito. Todos nós saímos do Egito, o local de escravidão, para o deserto, o local de perda de direção, falta de leis, e sensação de não ter para onde ir, para, finalmente, entrar na Terra de Israel.
Existe uma máxima cabalística que diz que “não existe coerção na espiritualidade”. Enquanto os judeus (e nós) estavam no Egito e no deserto, eles eram “coagidos” a fazer o que se lhes obrigava, seja pelos chicotes dos capatazes egípcios, seja pela nuvem que D’us enviava e os ordenava a seguir.
No entanto, a entrada na Terra de Israel é uma decisão que exige livre arbítrio, e, de modo algum, pode ser uma decisão forçada. Quando nós estamos na fronteira entre o deserto e a terra de Israel, cabe a nós darmos o passo que nos permite a elevação espiritual. Não há ninguém no mundo, seja nosso mestre espiritual, seja nossa família, amigos, ou até mesmo D”us!, que pode nos forçar a dar este passo. Não existe coerção na espiritualidade.
Ao se negarem a entrar na Terra de Israel, os judeus estavam, por assim dizer, “selando o seu destino”, e, portanto, lhes cabia ficar peregrinando no deserto. Os 38 anos em que isso ocorreu são um número simbólico que mostra o que acontece com a pessoa que chegou às portas da Terra de Israel, a espiritualidade, mas, resolveu voltar parra trás, em vez de dar um passo a frente. Esta pessoa fica no deserto da vida, a meio caminho do Egito e a Terra de Israel. Os 38 anos representam um número de anos produtivos na vida da pessoa. Neste caso, é como se a pessoa que desistiu de entrar na Terra desperdiçasse os melhores anos de sua vida, para ficar perambulando pelo deserto.
E, por fim, como explicar o envio dos espiões? Mais uma vez, eles representam o que geralmente acontece em nossa vida e a necessidade de livre arbítrio.
Antes de tomarmos uma decisão na vida, costumamos mandar os nossos espiões analisar o terreno e dar o seu parecer sobre o que viram. Baseado em seus relatos, decidiremos o que fazer. É isso que nos confere o livre arbítrio.
Mas, temos que lembrar que os espiões enviados saem do próprio povo de Israel. Os espiões são “funcionários” do nosso próprio cérebro. Portanto, estes espiões que enviamos são “corrompidos”, por assim dizer, e têm a tendência de passar-nos informações viciadas de propósito, que agradarão a nossa mentalidade e justificarão a nossa falta de atividade e a manutenção do nossos “status quo”.
Dez dos espiões mandados por Moisés voltam falando que a Terra de Israel é horrível, que será difícil conquistar o território, e que muitos problemas ainda serão sofridos pelos judeus. Estes eram os espiões ligados à mentalidade do povo, com o medo de dar o passo decisivo rumo à espiritualidade e o livre arbítrio. Era justamente isso que o povo queria ouvir e o que estavam esperando para poder explicar o motivo para não quererem entrar na Terra.
Apenas dois dos espiões, os que realmente não estavam ligados ao povo e realmente viam a índole do trabalho espiritual, relataram que a terra era maravilhosa e boa. Estes eram os espiões que queriam fazer o povo crescer e evoluir.
Quantas vezes, em nossa vida, mandamos espiões que “trabalham para nós” e que vão nos dar as informações “que queremos ouvir”? Quantas vezes usamos destes espiões para moldar nossa realidade e influenciar o nosso livre arbítrio? Mais do que isso, quantas vezes paramos de ouvir os dez espiões mandados por nós mesmos, ligados a nossos valores, para ouvir os dois espiões que realmente querem nos fazer crescer, evoluir e entrar na Terra Prometida de Israel?

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