terça-feira, 2 de agosto de 2011

Massê - Energia Semanal de 24/07 a 30/07

Esta semana lemos o texto da Porção Semanal de Massê (Números 33:1-36:13).
Este é o trecho “verde” da Torá. Ao começar a dar as instruções ao povo para a entrada na Terra de Israel, Moisés lhes dá diretrizes ecológicas sobre como eles deveriam cuidar do solo, do ar e do ambiente. Até leis sobre como as cidades deveriam ser estabelecidas, com espaço em que não se deveria construir nada, são dadas.
No entanto, gostaria de chamar atenção para outro fato definido por Moisés nesta semana.
O nome desta porção (Massê) significa “viagens”. Logo no começo do texto, vemos Moisés registrando as várias viagens que o povo fez saindo do Egito até chegar a Israel. No seu relato, podemos ver que ao longo dos 40 anos no deserto, o povo fez 42 paradas!
Já dissemos em textos anteriores que a viagem dos judeus saindo do Egito rumo à Terra Prometida é uma metáfora do próprio caminho de evolução espiritual. Com as paradas narradas nesta semana, não é diferente. A lição a se tirar daqui é que tão importante quanto avançar no caminho, é saber parar. Aliás, os cabalistas perceberam que a viagem do Egito a Israel (extremamente curta) só demorou tanto por causa das paradas que o povo fez, e não por causa do trajeto em si.
Foi nos períodos de parada que aconteceram os eventos mais significativos de toda a travessia. Foi nas paradas que o povo recebeu a Lei de Moisés no Monte Sinai, foi nas paradas que o povo podia pegar o maná que descia do céu, foi nas paradas que ocorreu o evento com o bezerro de ouro e foi nas paradas que vemos as rebeliões do povo com Moisés.
Em todos estes eventos, independente se tenham sido positivos ou negativos, uma coisa é igual: D’us se manifestou neles. Lendo a história do Êxodo, podemos perceber que D’us só se manifesta nos períodos em que o povo está parado, e não viajando.
Na nossa vida não deve ser diferente. Estamos acostumados ao movimento, ao dinamismo, ao correr. Precisamos sempre ser mais, melhor, ter mais, acumular. De fato, a vida é dinâmica e seguir este fluxo é saudável, mas aprendemos que é nos momentos de parada que os “milagres” acontecem.
Ao longo de toda a Torá, podemos ver o embate entre o movimento e a parada. É isso que está expresso no mandamento de D’us de respeitar o Shabat, o dia de descanso total, de repouso absoluto. Este é o dia de maior santidade que podemos ter.
O momento mais importante da reza cabalística se chama Amidá, literalmente, parada. É um momento em que não se pronuncia uma palavra, não se faz gesto algum. Fica-se parado.
Por outro lado, o pão ázimo feito pelos judeus ao saírem do Egito, na pressa, que, por conta disso, não pode ser terminado e nem fermentado, é chamado de “halachmá aniá”, o pão da pobreza. Não importa que seja pão, por ter sido feito às pressas, como sua massa não “descansou”, ele é um pão pobre.
A questão a aprender aqui é que as vezes D’us aparece, como apareceu ao povo no Egito, e pede para que nós paremos. Mas, às vezes, nós mesmos desejamos “dar uma parada”. Ambas as formas são válidas, mas o importante é o modo com que encaramos a parada. A parada é uma simples escala ou é o nosso destino final? Ela é mais um ponto de passagem para depois seguirmos a viagem da vida, ou é o local em que deixaremos todos os nossos pertences e ficaremos “empacados”, sem avançar novamente?
Se você se encontra num momento de “parada”, de estagnação, não se desespere. Em primeiro lugar, pode ser que você mesmo decidiu (ainda que inconscientemente) fazer esta parada. Pode ser também que esta foi uma parada “ordenada pelos Céus”. O que importa é usar este momento para perceber que ele é necessário para continuar a viagem. É neste momento que D’us pode se revelar e é só da parada que podemos retirar as forças para levantar acampamento, carregar nossos pertences e seguir em frente!

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