domingo, 3 de junho de 2012

Behaalotecha - Energia Semanal de 03/06 a 09/06


Na porção desta semana, chamada de Behaalotecha, temos o relato de que o povo de Israel que saiu do Egito com Moisés começa a reclamar sobre diversas coisas: o deserto era um lugar ruim para ficar, a comida era desagradável, o maná tinha um gosto "estranho", e um monte de outras coisas...

Toda vez que o povo de Israel reclama, eles mencionam o que eles consideravam uma vida melhor, a vida que eles tinham antes, no Egito. Como é natural do ser humano, quando estamos descontentes com o nosso momento presente, a tendência é falar dos "bons e velhos dias" - o Egito.

Dentre as reclamações do povo, uma frase chamou a atenção de muitos comentaristas e cabalistas. Em certo momento, o povo diz: "Lembramo-nos do peixe que comíamos no Egito de graça" (Números 11:5).

Ora, sabendo que o povo era escravo no Egito, é muito improvável que realmente eles tivessem peixe para comer gratuitamente. O Talmud chega a afirmar que o povo era obrigado a fazer tijolo, mas ninguém lhes dava o material para isso. Então como supor que eles ganhavam peixe?

Iankele não era uma pessoa muito rica e toda semana gastava alguns dos seus preciosos copeques para comprar um bilhete de loteria. E, portanto, semanalmente, ele voltava para casa alguns copeques mais pobre.

Quando a sua mulher percebeu que isso se tornava um hábito do seu marido, começou a implorar para que ele parasse. Ela dizia ao marido que aquele era um dinheiro jogado fora, e que ele jamais ganharia na loteria.

No entanto, Iankele não queria nem saber. Ele continuava comprando o seu bilhete semanal, mesmo que não lhe sobrasse muito dinheiro para isso, esperando que um dia pudesse ganhar.

Um dia, a mulher não aguentando mais a situação, arrastou o seu marido até o rebe da comunidade, para tentar fazer com que o líder espiritual ajudasse o marido a prometer que nunca mais gastaria o seu dinheiro com a loteria.

A conversa surtiu efeito, e Iankele nunca mais comprou um bilhete de loteria. Ao perceber que o mal hábito tinha ido embora, a mulher comentou com o marido: "Graças a D'us você parou de jogar. Nos últimos anos, tudo o que você fez foi perder na loteria! Que desperdício!"

O pobre Iankele deu de ombros e disse: "Minha querida esposa, você não entende. Durante estes cinco anos, toda noite antes do sorteio da loteria, eu ia dormir achando que ganharia na loteria. E isso, minha querida, certamente não tem preço!"

A Cabalá diz que, às vezes, algumas pessoas preferem pensar no mundo como ele poderia ser, em vez do mundo como ele de fato é. Neste caso, as pessoas vivem de modo que se recusam a revelar o bem que pode existir na vida atual e factual, para ficar fantasiando sobre um "mundo melhor" que já se foi ou que nem chegou a existir. É isso o que o povo de Israel estava fazendo no deserto, é isso o que fazemos em alguns momentos da vida: falamos dos peixes que nunca comemos.

Muitas vezes temos o maná diante de nós, um presente realmente maravilhoso e que podemos desfrutar à vontade, mas - assim como o povo de Israel - ficamos falando sobre o peixe imaginário, e sobre como ele é mais gostoso do que o que temos agora diante de nós.

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