domingo, 20 de maio de 2012

Bamidbar - Energia Semanal de 20/05 a 26/05


Esta semana começa-se a ler o quarto livro da Torá, o livro de Números, e que é, por sinal, um dos mais difíceis de entender, seja literalmente ou cabalisticamente. Isso ocorre pois o livro de Números trata basicamente disso mesmo, de números, ou seja, de censos feitos entre o povo judeu para saber quantas pessoas havia entre as tribos de Israel.

Que grande ensinamento pode estar contido no número de pessoas que havia em cada tribo de um povo que viveu há mais de 3.000 anos?

A contagem que se apresenta esta semana foi feita logo após o Êxodo do Egito e, portanto, após 210 anos de escravidão. Do ponto de vista literal, era importante saber quantas pessoas iriam empreender a travessia pelo deserto até chegar à terra de Israel.

No entanto, a tradição afirma que das doze tribos existentes, uma delas – a tribo de Levi – não foi escravizada, pois ela era mais espiritualizada, e se dedicava ao serviço religioso, e a nada de cunho material ou terreno. Assim sendo, ao nos depararmos com o censo desta porção semanal, deveríamos esperar que a tribo de Levi fosse mais numerosa do que as outras, pois ela não passou por execuções sumárias, trabalhos forçados, etc.

Porém, surpreendentemente, enquanto o texto afirma que todas as tribos de Israel tinham por volta de 50 a 60 mil homens com a idade entre 20 e 60 anos, a tribo de Levi tinha pouco mais de 20 mil homens, e isso incluindo os jovens abaixo de 20 anos e os anciãos acima dos 60 anos. Por que esta diferença ilógica?

O Nachmânides diz que a resposta para isso está no início do segundo livro da Torá. Quando o povo judeu começou a ser perseguido e escravizado, as mulheres engravidavam e davam à luz com muito mais facilidade. Por isso, quanto mais os egípcios oprimiam os judeus, mais judeus nasciam no Egito, como diz o versículo "E quanto mais eles eram afligidos, mais eles aumentavam e se espalhavam" (Êxodo 1:12). Sendo assim, a tribo de Levi, que não foi escravizada, não aumentou o seu tamanho, o que explica a grande diferença durante o censo.

Porém, se a tribo de Levi não foi escravizada justamente por estar mais dedicada ao serviço espiritual, afastada do mundano, não deveríamos esperar que eles crescessem mais que os outros, mesmo que não fossem escravizados? Afinal de contas, eles eram muito espiritualizados! Tão espiritualizados a ponto de se afastarem do mundo material e da escravidão.

E esse é justamente o problema. Justamente pelo fato de serem muito espiritualizados e terem vivido em liberdade e isentos do jugo egípcio, a tribo de Levi ficou alheia ao mundo, e indiferente a ele. Em maior grau, a tribo de Levi não conseguia sentir o sofrimento dos seus irmãos. Eles não sofreram junto com os outros do povo, não compartilharam sua dor. E como não havia esta pertença ao mundo e esta solidariedade, eles também não receberam o mérito de crescerem e se multiplicarem, como o resto do povo.

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